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Quais desafios sua empresa enfrenta para implementar práticas de ESG no mercado de cannabis?

A discussão sobre ESG (Ambiental, Social e Governança) não pode ser tratada como um apêndice do setor da cannabis — especialmente em um país marcado por desigualdades estruturais e pelo histórico proibicionista que criminalizou desproporcionalmente comunidades negras e periféricas. Integrar ESG de forma real, e não como peça de marketing, é hoje uma das maiores oportunidades (e também desafios) para empresas que desejam se posicionar de forma ética, estratégica e sustentável.



Desafios reais, não retóricos

Apesar do crescimento global da pauta ESG, muitos empreendedores do setor da cannabis enfrentam desafios concretos na hora de implementar essas práticas: burocracia, ausência de linhas de crédito, dificuldade em acessar consultorias qualificadas, falta de referência sobre o que significa “impacto social real” e pouca clareza sobre indicadores de mensuração (FGV, 2021; OSORIO, 2019).


A complexidade do ambiente regulatório, somada à insegurança jurídica do setor no Brasil, contribui para que muitas empresas acabem priorizando a sobrevivência econômica imediata, relegando a construção de impacto social para um segundo plano. No entanto, deixar essa integração para depois pode significar perder legitimidade junto a investidores, consumidores e reguladores — além de falhar em responder à urgência histórica da reparação e inclusão (FIGUEIREDO, 2021).



ESG como motor de inovação e lucratividade

O setor canábico tem uma vantagem significativa: ele nasce num momento histórico em que a agenda ESG já está consolidada globalmente. Isso permite que empresas não tenham que adaptar modelos antigos, mas sim criar desde o início processos, produtos e relações que integrem sustentabilidade, inclusão e governança.


Experiências internacionais mostram que o investimento em ESG não compromete a lucratividade — ao contrário, pode aumentá-la. Nos Estados Unidos, empresas que operam com cadeias rastreáveis, práticas regenerativas e inclusão de minorias têm atraído mais capital de risco e obtido maior fidelização de clientes (Leafly, 2022; MJBizDaily, 2023).


Além disso, dados da consultoria New Frontier Data (2023) apontam que negócios canábicos com estratégias ESG bem estruturadas obtiveram crescimento anual 27% superior em receita líquida comparados a empresas sem esse tipo de política. Empresas que investem em cadeias produtivas inclusivas e na redução de impacto ambiental têm maior atratividade para fundos internacionais, sobretudo aqueles voltados para finanças sustentáveis.


Na Colômbia, o programa "Cannabis para la Paz" reúne cooperativas agrícolas familiares, indígenas e mulheres cultivadoras como parte de uma estratégia econômica e social. Isso criou empregos locais e atraiu investimentos estrangeiros com impacto social mensurável (ONU Mulheres, 2021).


No Brasil, iniciativas parecidas poderiam aproveitar a vocação agrícola do país e criar modelos produtivos com geração de renda nas periferias urbanas e no campo, inspirados no fortalecimento da agricultura familiar no mercado de orgânicos. O paralelo com o agro é importante: quando houve estímulo técnico e logístico para pequenos produtores orgânicos, cresceu-se uma rede que hoje movimenta bilhões e responde por quase 20% da produção nacional em hortifrúti (IBGE, 2022).



Como a Sinapse pode apoiar

A Sinapse Social entende que implementar ESG no setor canábico exige uma abordagem transversal. Isso passa por:

  • mapear os territórios de impacto;

  • estruturar planos de contratação inclusiva (negros, mulheres, egressos do sistema penal);

  • definir metas ambientais mensuráveis (uso de energia, manejo de resíduos, biorremediação com cânhamo);

  • capacitar lideranças com base em governança e transparência;

  • criar parcerias com universidades e institutos para medir, auditar e comunicar resultados com responsabilidade.


Mais do que uma consultoria, a Sinapse atua como parceira estratégica para que o ESG não seja uma obrigação, mas um diferencial competitivo que reposiciona a empresa no mercado e na sociedade.



Conclusão

Integrar ESG ao setor de cannabis não é uma tarefa simples, mas é um caminho necessário para garantir a legitimidade e sustentabilidade desse ecossistema. Superar os desafios passa por reconhecer que impacto social não se faz apenas com discurso — mas com estrutura, intenção e dados. O futuro das empresas canábicas no Brasil depende da sua capacidade de provar que podem lucrar fazendo o certo.


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Referências citadas

  • FIGUEIREDO, Emílio. A Advocacia e a Maconha: uma etnografia sobre os advogados nas defesas e demandas da Cannabis no Brasil. UFF, 2021.

  • OSORIO, Leticia Marques. Litígio estratégico em direitos humanos: desafios e oportunidades. Revista Direito e Práxis, 2019.

  • Fundação Getulio Vargas (FGV). Impactos econômicos da regulação da cannabis no Brasil, 2021.

  • Leafly Jobs Report. Cannabis Jobs Report, 2022.

  • MJBizDaily. Annual Cannabis Business Factbook, 2023.

  • New Frontier Data. Global Cannabis Report, 2023.

  • ONU Mulheres. Cannabis para la Paz – Buenas Prácticas en Colombia, 2021.

  • IBGE. Pesquisa de Produção Agrícola Municipal (PAM), 2022.

 
 
 

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